quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

MARIDO LEMBRA O ÚLTIMO PEDIDO DA ESPOSA EM ITAÓCA: 'SE CUIDA, AMOR'



Uma das vítimas das enchentes em Itaóca, no interior de São Paulo, sabia que poderia não voltar mais a ver a família. Isso é o que diz o marido da zeladora Ziza Maria Dantas Martins, de 44 anos, natural de Itaóca e moradora de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. O armador de serragem Verci Adão Szwarc, de 46 anos, ouviu uma triste despedida da mulher enquanto ela era levada pela enxurrada: "Se cuida, meu amor". 

As chuvas que atingiram a pequena cidade de 3 mil habitantes localizada no Alto Ribeira deixaram, segundo a Defesa Civil, pelo menos 13 mortos. Outras 13 pessoas continuam desaparecidas. A tempestade de domingo (12) também afetou alguns municípios vizinhos, como Apiaí. Em Itaóca, ainda há 332 moradores desalojados e 20 desabrigados. 

Szwarc estava na cidade passando férias com a mulher e conta que, quando a água do rio começou a subir, a uma "velocidade assustadora", ele e a companheira tentavam tirar o carro da rua. Em questão de segundos, Ziza desapareceu. 

"A viagem para Itaóca era um dos desejos dela. Aproveitamos para organizar tudo e conseguimos sair de férias juntos. Então, passeamos por Campo Mourão, Cianorte, Irati e, para completar o passeio, descemos até o sítio do pai dela (em Itaóca). Muitos parentes foram para lá. Infelizmente, aconteceu essa fatalidade", lamenta o marido. 

O casal estava junto há 14 anos. Emocionado, Szwarc conta como a mulher sumiu na enchente. "Na hora em que a chuva apertou, ela tinha pedido para tirar o carro, pois estava perigoso ficar ali no sítio. Mas alguma coisa estava atrapalhando, e ela não conseguiu chegar até o veículo. Pedi para que todo mundo saísse da casa, mas, antes disso, a enxurrada veio muito forte. No meio dessa confusão, eu fui parar no meio da rua. Achei que seria levado pela correnteza, pois a chuva foi arrastando as árvores e tudo. Não consegui sair, e as árvores foram me levando, mas bati em uma cerca de arame e voltei, nem sei como. Daí, tentei voltar para salvá-la. Uma caminhonete que estava passando também tentou ajudar, mas não foi possível. Antes de sumir, levada pela água, só lembro de ela gritar: 'Se cuida, meu amor'", relata. 

Agora hospedado na casa de parentes de sua mulher, em Apiaí, cidade vizinha a Itaóca, o armador de serragem está muito abalado com a situação. Sem uma notícia definitiva sobre o que aconteceu com Ziza, Szwarc não tem mais esperanças de encontrá-la viva. 

"A dor é muito grande, por não saber onde ela está. Mas Deus vai ajudar para que a encontrem e possamos dar um enterro digno a ela. Eu a amava muito. Quero que ela seja enterrada na cidade onde passamos grandes momentos, construímos nossas vidas e fomos felizes. Ela merece todas as homenagens pela mulher que era e pela esposa maravilhosa que foi para mim, durante todos estes anos", destaca. 

Ziza era mãe de dois filhos, Diego e Thais, de um relacionamento anterior. A filha dela esteve em Apiaí, mas não pôde esperar o fim das buscas dos bombeiros porque precisou voltar para Curitiba, onde mora com o marido. 

Destruição 

A cidade de Itaóca ficou parcialmente destruída por causa do temporal. Várias pontes e ligações foram danificadas. Segundo a Defesa Civil, o Rio Palmital subiu mais de 5 metros e causou a inundação de mais de 100 casas. 

Além disso, o município ficou durante horas sem fornecimento de energia elétrica e água. A luz voltou ao município no início da tarde de segunda-feira (13). 

Prefeito lamenta situação

 O prefeito de Itaóca, Rafael Camargo, conversou com a equipe do G1 na segunda-feira e afirmou estar em "estado de choque" com a tragédia na cidade. 

"Eu nunca vi isso nem em filme. A situação chega a ser desesperadora. Fico imaginando as consequências que a população está enfrentando. A maioria da cidade está em choque. Perdemos muitos amigos que convivíamos no dia a dia", disse.


FONTE: G1


MARCADORES: CIDADE DE ITAÓCA, TRAGÉDIA, ENCHENTE, VALE DO RIBEIRA, ALTO RIBEIRA, VALERIBEIRENSE, CURITIBA


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