terça-feira, 30 de dezembro de 2014

APÓS O EGOCÍDIO, POEMA DO FILÓSOFO E MESTRE BRASILEIRO HUBERTO ROHDEN - DEZEMBRO DE 2014





Meu era o dinheiro. 
Meu era o corpo. 
Meu era o intelecto.
 Meu era isto. 
Meu era aquilo. 
Tudo era meu. Só meu - e de mais ninguém.
 E, para constar que tudo aquilo era meu, 
Eu fazia seguros de vida e de bens, 
Assinava, sobre estampilhas oficiais, 
Com firma reconhecida, 
Solenemente carimbado, 
Que isto e aquilo era meu, 
Meu somente... 
Tamanha era a insensatez 
Da minha sensatez! 
Tão inseguro era eu, 
Que de tantos seguros necessitava!
 Eu era senhor de tantos "meus"? 
Porque ainda ignorava o meu verdadeiro Eu, 
Que não necessita de "meus" nem de "seguros". Identificava-me com o meu pseudo-eu, 
Com o meu ego personal. 
Que necessita de "meus" e de "seguros", 
Porque é um pseudo-eu muito inseguro... 
Quem de tudo isto necessita 
É um necessitado, um pobre indigente. 
Agora, porém, que ultrapassei o meu pseudo-eu, Aboli quase todos os "meus". 
Também, para que ainda defender os fortins de "meus", 
Depois que se rendeu a fortaleza do pseudo-eu? Aqueles "meus" só tinham uma razão-de-ser: Garantir a existência do falso eu. 
Mas agora que o falso eu morreu, 
Agora que cometi o arrojado egocídio do ego - Para que ainda manter esses velhos fortins, 
Que o ego erguera em sua defesa? 
Para que fortificar ainda o cadáver do ego? 


Naquele tempo, toda a segurança me vinha de fora, Da parte desses "meus". 

Hoje, toda a minha segurança me vem de dentro, 
Da alma do meu divino Eu. 
E, sob a égide do grande Eu, 
Se sente seguro até o pequeno ego. 
Ressuscitou para uma vida nova. 
Integrou-se, finalmente, no Eu divino. 
Morreu o ego para o ego 
E reviveu no Eu. 
Se o ego não morresse,
 Ficaria estéril; 
Mas agora que morreu para si, 
E ressurgiu no Eu - 
 Produz muito fruto...


Do livro A Voz do Silêncio, 
editora Martin Claret


Comentário: sem o egocídio (desintegração do ego), a auto-realização íntima do ser será apenas um projeto e nada mais do que isso. 

E como ensinou Rhoden, "não existe desintegração sem sofrimento". Pois é, não foram apenas mestres como Samael e Rabolú que ensinaram sobre isso, que está longe de ser um ensinamento exclusivo para uma minoria de irmãozinhos gnósticos que se consideram privilegiados. 


POSTAGEM RECOMENDADA: OS DETALHES E A MORTE EM MARCHA



MARCADORES: FILÓSOFO BRASILEIRO HUBERTO ROHDEN, EGO, EU, EUS, DEFEITOS PSICOLÓGICOS, DEFEITOS, DESINTEGRAÇÃO DO EGO, EGOCÍDIO


Nenhum comentário: